terça-feira, 19 de outubro de 2010

Entrevista a Pedro Otto Reuss

Pedro Otto Reuss, de 26 anos e natural de Gondomar é treinador e é o primeiro entrevistado de 'Fintar a Bola'.
Desempregado desde à poucos dias, Pedro aguarda agora novas propostas, para continuar a fazer aquilo que mais gosta.
Com uma carreira desde novo a guarda-redes, foi ai que se distinguiu dos restantes companheiros, mas a "falta de sorte e más decisões" fizeram perder o guardião e ganhou-se um técnico.
Como jogador passou por Porto, Leixões, Salgueiros, Senhora da Hora, Inter Milheirós e Leverense até 2007, começando nesse ano a carreira de técnico no Padroense, seguindo-se Vit. Guimarães, Chaves e S. Pedro da Cova. Pelo meio foi treinador de Guarda-Redes no Nikecamp Lisboa em 2008 e 2009.
 
Fintar a Bola(FB): Como começou a paixão pelas balizas?
Pedro Otto Reuss(POR) :Acho que só me apercebi da minha paixão pelas balizas bem depois de ter escolhido ser Guarda-Redes. A opção pela baliza só se deu porque quando fui ao Futebol Clube do Porto para treinar nas captações abertas, vi tantos rapazes vestidos como jogadores que disse logo que queria ir para a baliza para evitar a concorrência. 

FB: Sentiu que era entre os postes que poderia ter sucesso no futebol?
POR:A determinada altura senti que realmente teria potencial para fazer coisas bonitas, mas a minha estatura aliada a alguma falta de sorte e más decisões fizeram com que me fosse “perdendo” nos distritais.

FB: De jogador passou a treinador ainda muito jovem, qual foi a razão desta decisão?
POR:Para além de me sentir desmotivado na baliza, senti que como treinador podia fazer algo de novo, algo de inovador. A entrada na faculdade no curso de educação física e desporto ajudou a motivar-me e impulsionar-me nesta carreira, mas efectivamente era algo que já estava dentro de mim, que me faria mais feliz e realizado do que propriamente jogar o jogo enquanto interveniente directo. Acho que a pressão, a sensação de atingir objectivos me move mais do que treinar para defender mais.

FB: Aqui em Portugal não existe formação específica para treinadores de guarda-redes, como existe para um treinador principal. Acha isso um ponto-chave para uma melhor formação dos jovens portugueses?
POR:Já existe alguma formação específica, não têm a homologação que têm os cursos de treinador, mas mesmo dentro deste existe sempre uma pequena abordagem ao tema, mas concordo quando se diz que não é suficiente, que falta algo ao treino de Guarda-Redes e isso está patente na qualidade dos Guarda-Redes do nosso campeonato que fica um pouco áquem dos grandes campeonatos europeus (Itália, Espanha, França, Inglaterra….)
Acho que a FPF deveria criar um curso de vários níveis no treino dos Guarda-Redes, pelo simples facto, friso, simples facto, de ser o único atleta no terreno que tem regras específicas para ele dentro do jogo propriamente dito.
Estamos a alguma distância doutros países na formação de treinadores de Guarda-Redes.

FB: Com a evolução do futebol, as posições e respectivas funções dos jogadores em campo tende a alterar. Uma dessas alterações no futebol dito “moderno” é a importância do guarda-redes funcionar quase como um libero/ terceiro central. Partilha da opinião que um bom jogo de pés, tanto a defender como a lançar o contra-ataque, é um bom princípio para ser bem-sucedido?
POR: Concordo que é um bom príncipio para se ser bem sucedido no entanto não basta e ficam a faltar as funções “directas” a que o Guarda-Redes está sujeito que é defender a baliza impedindo o golo. Sou, assim, apologista de que um Guarda-Redes é tanto melhor quanto mais completo for exactamente pela evolução normal do jogo, mas se me perguntar o que abdicaria num Guarda-Redes dir-lhe-ía que seria o jogo de pés. Prefiro que seja melhor dentro e fora dos postes com as mãos do que fora da baliza com os pés!
 
FB: Dos guardiões que treinou qual o surpreendeu mais ou qual o que mais lhe deu prazer em orientar? Porquê?
POR:Sem dúvida o Rui Rego. Excelente profissional, fantástico Guarda-Redes e com uma técnica individual muito aprimorada. Pena ter chegado apenas aos 29 anos à 1ª Liga, tem qualidade para muito mais. Não posso também deixar de falar do Daniel Casaleiro, pois é também um excelente profissional, jovem, com um potencial gigante e uma vontade de vencer enorme.
Os meninos…. Os meninos que treinei no Vitória de Guimarães, no Padroense…. Esses davam-me um enorme prazer quanto faziam algo mais difícil e via neles o rosto de felicidade da conquista adquirida…
Todos são especiais à sua maneira, mas o Rui foi o melhor!

FB: Outro método que muitos “estudiosos” referem que deve ser utilizado, é o treino entre o avançado e o guarda-redes em conjunto, como forma de aperfeiçoar a relação entre as duas posições. Concorda?
POR: Os “estudiosos” falam da Periodização Táctica que a grosso modo diz que o treino não faz sentido se não for treinado o jogo, por isso concordo que o Guarda-Redes deverá fazer o trabalho integrado no treino da equipa, não necessariamente com o avançado, até porque ao fim de algum tempo o instinto de conhecimento do colega manifesta-se e isso pode não dar condições óptimas de treino, mas deverá ser integrado sem qualquer dúvida.

FB: Deixando as balizas, o Pedro avançou esta temporada para uma experiência como treinador principal no S. Pedro da Cova, que disputa a divisão de honra da AF Porto. Como surgiu essa oportunidade?
POR:Bem, foi realmente uma oportunidade para uma coisa diferente. Surgiu pelo conhecimento que as pessoas do clube tinham sobre mim, por ser da terra, pelo meu trajecto ter sido seguido por um ou outro membro da direcção que dicidiram apostar em mim.

FB: Ao fim de 5 jornadas saiu do comando técnico da formação de Gondomar, numa altura em que a equipa era uma das quartas classificadas da prova. O que motivou tal situação?
POR:Certamente não foram os resultados pois ainda não tinhamos perdido tendo jogado três jogos fora de casa. Divergências no entendimento do que seria um plantel óptimo para atingir o sucesso e os objecivos a que nos propusemos, motivaram a minha saída. Saí, mas saí de consciência tranquila, de trabalho bem realizado e sabendo que quem fosse para o meu lugar iria ter um bom plantel, com bons príncipios para trabalhar.

FB: E agora, futuro, o regresso às balizas ou algum projecto como técnico principal?
POR:O futuro ainda não me trouxe nada, mas tanto nas balizas (que eu adoro) como um novo projeco como técnico principal será certamente o destino. Não fiquei assustado com o facto de ter que lidar com a pressão, por isso é uma experiência a seguir.


Perguntas rápidas:

Clube: FC Porto / Vit- Guimarães
Ídolo: Vítor Baía
Melhor guarda-redes português (actualidade): Aponto para o Eduardo juntamente com o Beto (nenhum é de topo)
Melhor guarda-redes mundial (actualidade): Há vários eu acho (Iker Casillas, Petr Cech, Buffon)
Jogador que gostaria de treinar: Petr Cech,  João Moutinho


O blog 'Fintar a Bola' deseja as maiores felicidades a Pedro Otto Reuss, esperando vê-lo num futuro próximo a treinar em grandes campeonatos. Agradecemos o tempo dispensado para a realização da entrevista e disponibilidade prestada.

2 comentários:

  1. Grande Pedro...
    E estar inactivo é parar, como o Tico e o Teco tão ai a carborar, por e simplesmente não estão é a aplicar, mas estão no activo.
    Tudo de bom e se for por estes lados ainda melhor.

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