segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Entrevista a Filipe Falardo

O entrevistado de hoje é Filipe Falardo, médio ofensivo de 26 anos, natural de Alverca e uma promessa do futebol nacional, que por alguma razão não singrou no futebol nacional e agora procura o sucesso fora de terras lusas. Foi campeão de infantis no Sporting e em juniores no Alverca. Conta também com 9 internacionalizações pela selecção das quinas e 2 golos.

Percurso de Filipe Falardo:
92/93 a 96/97 – Sporting    
97/98 a 01/02 – Alverca 
02/03 –Benfica
03/04 a 04/05 - Alverca
05/06 a 06/07  - Olivais e Moscavide
07/08 – Fátima
08/09 – Gloria Buzau
09/10 – Atlético
10/11 – Digenis Akritas

Fintar a Bola(FB): A academia de Alcochete foi o começo de um já vasto percurso. Quando entrou para o Sporting pensava ou sonhava ser o que é hoje?
Filipe Falardo(FF):Quando fui para o Sporting, já o Sporting trabalhava muito bem nas camadas jovens mas ainda não existia a Academia de Alcochete que veio depois dar ainda mais condições de trabalho aos jovens. Como qualquer miúdo que gosta de futebol, eu já sonhava em ser jogador quando fosse grande, e representar um clube grande durante algumas épocas foi de facto algo que me marcou a nível pessoal e profissional. Aprendi e evolui ano após ano e estou muito grato às pessoas que acreditaram em mim no Sporting.

FB: Curiosamente, nos escalões de formação mais avançados foi para o Alverca. A muita concorrência de jogadores no clube Alvalade, foi o motivo para a ida para o clube da terra?
FF: Na altura, algumas pessoas do Sporting mudaram-se para Alverca com um projecto aliciante que fez com que muitos jogadores mudassem também de ares. Eu tinha sido dispensado do Sporting porque jogava a defesa central e era pequeno, depois surgiu o convite do Alverca em que não hesitei em aceitar e com isso passei a jogar a médio. Pude então continuar a evoluir rodeado de pessoas altamente qualificadas e ao mesmo tempo ficava perto da família, da escola e dos amigos. Custou muito sair do Sporting mas começava uma nova etapa na minha vida.

FB: Foi também em Alverca que fez a sua estreia na primeira liga, frente ao Porto (salvo erro). Foi um momento especial na carreira?
FF: Sem dúvida foi algo que me marcou. Entrei aos 20min da 1ª parte a substituir o Ramires que se tinha lesionado e o mister Couceiro não teve receio em me lançar. O Estádio do Dragão estava cheio e a festejar a conquista de mais um campeonato do FC Porto de José Mourinho, Deco, R.Carvalho, Bosingwa, etc. O jogo acabou por me correr bem mas perdemos 1-0. Foi um dos momentos mais marcantes na minha carreira.

FB: Nas selecções jovens, foi chamado por diversas vezes, da qual resultam as 9 internacionalizações até aos sub-20. Sentiu que o facto de não pertencer a um ‘grande’ o afastou mais rapidamente do panorama das selecções?
FF: Após os sub-20 jogava no FC Alverca na 1a liga mas não com a regularidade que gostaria e que se exigia para continuar a ser chamado à selecção. Foi por consequência disso que não voltei a defender as cores da nossa selecção. Claro que se tivesse num clube grande, mesmo que não jogasse com regularidade, a projecção e o mediatismo seria maior e seria mais fácil continuar nas convocatórias, mas a minha realidade era outra.

FB: Saindo de Alverca, rumou até ao Olivais e Moscavide, onde diga-se, fez duas épocas de excelência a titular e com vários golos. Na primeira época conquistou a II divisão B, mas na Liga de honra não evitou a despromoção. Ainda assim, concorda que foram 2 anos ao mais alto nível.
FF: A primeira época no Ol.Moscavide foi memorável pois pude jogar com regularidade, fazer golos, conquistar a 2ª divisão B e no final assinar por 4 anos com a UD Leiria. Jamais esquecerei essa época e todas aquelas pessoas que sempre estiveram ao nosso lado. Contudo, na Liga de Honra as coisas já não correram tão bem. O clube não tinha estrutura para competir nos campeonatos profissionais e pagou caro com isso. Tínhamos de facto bons jogadores mas não conseguimos formar um bom plantel. Depois disso, o Ol.Moscavide continuou a cair fruto da “aventura” da Liga de Honra.

FB: Fruto dessa boa campanha individual, manteve-se na Liga de Honra, desta vez em Fátima, que tinha subido no ano anterior, à semelhança da situação do Olivais. E à semelhança do anterior clube também aqui o clube foi despromovido. Não sente um ‘amargo de boca’ por não ter sido feliz na passagem pelo futebol profissional?
FF: Em Fátima conseguimos fazer história mas apenas na Taça da Liga. Eliminamos o Santa Clara, Ac.Coimbra, FC Porto e por um golo que não ultrapassámos o Sporting CP. Mas em relação ao campeonato já não conseguimos ser tão felizes. Sinto de facto um “amargo de boca” por não ter conseguido manter o Fátima na Liga de Honra, pois é um clube que tem todas as condições para se manter nos campeonatos profissionais e onde conheci boas pessoas.

FB: Emigrando para o estrangeiro, Filipe foi contratado para o Gloria Buzau, clube da primeira divisão romena, mas a pouca utilização ditou o regresso a Portugal na época passada. O que correu mal?
FF: A experiência na Roménia tem duas histórias completamente diferentes. O mister Álvaro Magalhães convidou-me e comecei a jogar e até a fazer golos. Contudo, os resultados não eram os melhores, o mister foi despedido e pouco depois chegaram as férias de Inverno. Quando voltei em Janeiro para a Roménia, o Gloria Buzau tinha dispensado treinadores, directores e 25 jogadores pois tinha feito um acordo com o Timisoara. Desse acordo veio então uma nova estrutura com novos treinadores, novos directores e outros 25 jogadores. A partir daí apenas os jogadores do Timisoara jogavam e apenas eles também recebiam o ordenado. Foi talvez a pior fase da minha carreira e aguentei até ter motivos para rescindir por justa-causa devido à falta de pagamento e regressei a casa.

FB: Esta época volta a jogar no estrangeiro (Chipre) num clube da segunda divisão Cipriota. O que o aliciou no Digenis para aceitar o convite?
FF: O Digenis tem um projecto de subida de divisão para este ano ou para o próximo e confiei nas pessoas que mais confiam em mim neste momento. Sinceramente, quando surgiu o convite eu recusei pois veio-me á memória os maus tempos que passei na minha outra experiência no estrangeiro. Saber que podia acontecer o mesmo, ou então outra coisa parecida era algo que me fazia recusar a convite. Ainda assim, decidi aceitar e vim com todas as minhas forças para tentar arranjar algo melhor na próxima época. Se conseguir, fico feliz por tudo ter corrido bem, por outro lado, se as coisas correram mal, ao menos voltei a tentar levantar a minha carreira e não fiquei de braços cruzados a lamentar-me por não ter arriscado.

FB: Gostaria de ter uma oportunidade na primeira liga portuguesa, para provar o seu valor? Ou sente que os clubes portugueses preferem ‘matéria-prima’ estrangeira?
FF: Claro que gostaria de voltar à primeira liga portuguesa mas acho muito pouco provável que tal aconteça em breve. Penso que é evidente que a maioria dos clubes prefere jogadores “com sotaque” o que diminui as oportunidades para os jogadores portugueses se emergirem no futebol português. Algo vai mal no futebol português há já alguns anos e dificilmente este tipo de preferência irá mudar.

FB: Qual foi o melhor treinador que encontrou, até hoje, pelos vários clubes que passou? Porquê?
FF: Não consigo escolher um nome pelo simples facto que todos eles me marcaram de maneiras diferentes. Começando pelas camadas jovens onde aprendi o essencial do futebol, pela passagem ao futebol sénior e ainda os treinadores da selecção que também nos marcam.

FB: Consegue eleger um onze formado por companheiros de equipa?
FF: Por toda a minha carreira tive a oportunidade de me cruzar com jogadores de alto nível que tiveram a estrelinha da sorte com eles e que hoje brilham em grandes palcos. Posso enumerar algumas estrelas que partilharam o mesmo balneário comigo mas não consigo formar um onze por ter tantos bons jogadores para tão poucas posições: Quaresma, Miguel Veloso, João Pereira, Raul Meireles, Hugo Viana, Custódio são alguns exemplos.

Perguntas rápidas:
Clube: FC Alverca
Ídolo: Zidane
Superstição: Abstrair-me de tudo e de todos, minutos antes de começar o jogo
Treinador por quem gostaria de ser orientado: José Mourinho

 O blog 'Fintar a Bola' deseja as maiores felicidades ao atleta.

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